quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Decepção

Momentos tristes fazem parte de nossas vidas. Mas momentos decepcionantes são piores.
Um longo inverno, uma longa caminhada em campos vazios e cinzentos, um vício, sem libertação.
Como reconstruir tudo isto?
Como alcançar a plenitude de nossos anseios.
Novamente em fase de questionamentos e fragilidade.
Perdido... novamente...
É isso...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O urso e o Homem - A natureza e a Lei

Sou admirador de programas de canais de documentários, como Discovery Chanel, entre outros.
Impossível não falar desses canais sem nos remeter a imagem da natureza, da vida animal selvagem.
Nestes canais, basicamente observamos duas coisas na relação macho/fêmea. O macho deve perpetuar sua espécie, seu material genético. A fêmea por sua vez, cuidar da prole.
O homem contemporâneo conseguiu radicalmente mudar as leis de origem da natureza.
Em minha profissão, por vezes em mesas de tribunais, vejo machos e fêmeas discutindo a inversão das funções orgânicas da natureza.
É praticamente impossível não reparar e fazer uma irônica comparação.
Entra por meu escritório, um grande urso pardo. Gordo, 3 metros de altura, forte e agressivo. Seu pedido? Que eu lhe defenda em uma ação de alimentos que sua ex parceira move contra si.
O urso, cumprindo o que a natureza lhe incumbiu, fez bem seu papel, que resultou em um lindo ursinho.
Papel cumprido? Negativo Seu urso, seu filho necessita de cuidados básicos!
A partir de hoje, um terço de seu salmão será destinado ao seu filho, durante o período de hibernação, deverás visitar seu filho uma vez por mês. Isso evitará danos psicológicos a ele.
O urso se questiona se a natureza é uma grande sacana. Faço o que meu instinto manda que eu faça e agora tenho que pagar por isso?
Dona natureza, Vossa Senhora tem o prazo de 10 dias para se manifestar sobre o caso, como ilustre representante do Ministério Publico, tem interesse público e social no caso do Seu Urso e deve se explicar.
Em sua manifestação, Dona Natureza alega que o atual fornecimento de salmão e visitas no período de hibernação tem influência direta nos costumes morais e conflitos do animal homem.
Pronto! Chegamos ao vilão! O homem! Ele, logo o ser racional que mudou preceitos, ordens naturais e criou a justiça.
O homem não deve perpetuar sua espécie. Ele deve gastar um terço de seu salário com preservativos, anticoncepcionais, álcool, festas, jóias e carros. São requisitos essenciais para se conseguir uma boa fêmea e sua saúde mental.
Se numa festa se descuidar, lá vem a prole. Isso poderá gerar uma despesa de um terço de seu salmão. Terá que brigar por sua prole. Agüentará uma ursa histérica que já está com outro urso espertalhão, que aproveita, e muito bem, do salmão pago.
Como é um ser racional, lhe sobram dois terços de salmão. E o Homo Sapiens (SAPIENS - que ironia) reduz o álcool, tomava Chivas, agora um Passaport também serve. Compra um carro popular, já não vai mais a festas, vai no máximo em quermesses e festas juninas. Jóias? Nem pensar! A prioridade absoluta são os preservativos.
Preservativo é chamado assim por um motivo não divulgado. Preserva-te de perder dinheiro, casa, carro, amigos, festas. Preservativo foi inventado pelo homem. É a borrachinha para apagar as alterações na mãe natureza.
O homem quanto mais pensa, mais inventa normas e preceitos morais para “regular” a desorganização que ele mesmo criou. É um círculo vicioso.
A natureza funciona em perfeita harmonia. A sapiência do homo sapiens altera tudo para melhorar o sistema social.
Logo temos a maior invenção da humanidade, ela pode te enriquecer e preservar seus salmões. Ou seja, um pedaço de borracha que só se usa uma vez, que ironicamente é chamada de “camisinha”. - No diminutivo mesmo! - Talvez para acompanhar a proporção de nosso avanço intelectual atual.
Homens, burros por natureza, ignorantes por escolha, pobres pela testosterona.


Ah e o urso do início? Encontra-se atualmente internado na Ala C, quarto 201 da Santa Casa de Misericórdia dos Ursos, com anemia profunda e confusão mental. Não deu conta de tanta Lei e salmão.


PS: Aos que pensam que o autor desse blog surtou. Não se assustem, pois isso pode mesmo ter acontecido. A ignorência é uma benção! Porém, tudo não basta de uma irônica e desorganizada crítica ao nosso sistema social e sabedoria da raça humana, onde dinheiro e preservativos, tornam-se mais importantes que crianças e relações pessoais.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O homem e seus tesouros.

Sempre me considerei uma pessoa questionadora, um idealista.
Mas também sempre fui uma pessoa displicente, daqueles que se esquece das datas de aniversários dos mais próximos e que muitas vezes se ausenta em determinador momentos. Tudo isto, culpa única do meio jeito meio desligado.
Tenho uma madrinha e um padrinho de ouro e por mais que nem sempre eu mereça os elogios e presentes, culpa eterna de minha memória. Recebo ainda hoje os mais belos presentes, como o texto abaixo.

Nada mais justo e gratificante do que postá-lo integralmente aqui, neste local tão especial para mim.

Padrinhos são pais designados por Deus para nos proteger, resguardar em carinho e amor e neste aspecto como todos podem ler abaixo, sou realmente abençoado por Deus.
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Querido Rafael,

Como é bom relembrar ou dar vida àquilo que está adormecido no fundo de nossa alma.
Foi assim com você. Bastou um acontecimento triste para vir à tona sentimentos tão puros, lembranças marcantes de uma infância.
Meu "Tio Abel", muito bem descrito por você, era realmente um "homem de família" - digno, sincero, leal, alegre, com um sorriso bonito... dentre tantos outros atributos que lhe marcaram a existência. Mas, dentro das suas virtudes (algumas você conheceu mais de perto e as descreveu), havia o homem culto que apreciava a boa leitura. E, se neste momento , mesmo que por alguns instantes, ele pudesse estar aqui, com certeza teria imenso prazer em ler suas palavras. O prazer não seria só pela homenagem a ele prestada, mas, principalmente, por saber que aquele menino de outrora, hoje um homem com alma de criança, que vive a procura de verdades, conseguiu expressar, através das palavras, uma filosofia da vida marcada por sentimentos tão nobres como, por exemplo, a gratidão e o reconhecimento por alguém que um dia conseguiu alertá-lo sobre a dor causada pelos espinhos de um cactos, e daí a certeza de que sua vida não passou em branco, não foi em vão.
Diria que você Rafael, pelos voltas que a vida dá e pelos rumos que tomamos, já não estava tão próximo, mas naquele momento derradeiro esteve presente trazendo à tona lembranças daquela infância em família, regadas por sentimentos tão lindos... o amor, carinho, bondade, reconhecimento, gratidão...
Se ele pudesse, tenho certeza, lhe diria - "Obrigado Rafael! .. você é um menino de ouro!"

E eu acrescentaria - "Parabéns Rafael !... você é um verdadeiro HOMEM que, nas suas buscas, já encontrou muitas verdades, mas a principal delas já existe e está dentro de você. É a sua essência.

Obrigada Rafael por suas palavras sobre o Tio Abel

Foi com grande alegria e muito orgulho que um dia me apresentei perante ao "Pai" para batizar aquela linda criança e hoje, o orgulho é redobrado, por ver a beleza desse "Homem" em toda sua dimensão.


Obs.: Suas crônicas são muito bonitas. Profundas, bem escritas, conseguem atingir bem o objetivo - reflexão..
Por favor, continue escrevendo, nos proporcionando buscar o lado melhor da vida e de cada um de nós.
Desculpe-me por não conseguir colocar este comentário lá no seu blog. Tentei mas não consegui. Acho que estou precisando de alguns ensinamentos...

Beijos de sua madrinha
Sônia

domingo, 16 de agosto de 2009

Eu, a advocacia e as lições de vida.

Depois de sentimentos intensos, com a alma mais aliviada, pretendo questionar, não quero falar de emoções e sim de gratidão e satisfação! Talvez soe um pouco frio, se comparado ao texto anterior. Porém, o intuito deste blog é abrir o livro de minha alma. Minhas experiências, meus pensamentos e até mesmo o dia-a-dia de um jovem advogado e seus conflitos.

Estranhando algumas atitudes minhas, onde eu sempre priorizava a amizade e a ajuda aos que mais necessitavam. Deixando de lado o dinheiro e o prestígio, certa vez, ouvi de meu pai, que jamais enriqueceria.

Não serei hipócrita ao ponto de não reconhecer o valor e a importância do dinheiro. Mas será que eu deveria iniciar minha vida profissional priorizando o dinheiro? Logo o dinheiro?

Por ser um grande apreciador de livros de psicologia, ao ler um dos livros de Augusto Cury, uma frase me chamou bastante atenção:

"A vaidade é o caminho mais curto para o paraíso da satisfação, porém ela é, ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve"

Meu rosto de menino. Meu sorriso espontâneo. A teimosa mania de não querer ser tratado com formalidades e por não aceitar ser chamado de doutor, me identificando somente como “Rafael, o advogado”, ao invés de Doutor Rafael, por vezes me trouxeram problemas.

Em determinado momento de minha vida, levei uma bronca de uma ex-companheira de trabalho, que dizia que eu deveria me impor e assumir minha postura de advogado perante os meus clientes. Deveria assumir que eu sou um Doutor!

Logo, cheguei a conclusão que, “Doutor”, só lhe serve para engrandecer sua vaidade e criar distinções entre pessoas iguais, solo mais do que próprio para a burrice se desenvolver.

E de que vale um advogado burro? Um homem burro em sua breve história vivenciada por terceiros nesta vida?

A cada petição, a cada recurso, a cada cliente que senta à minha mesa, vejo pessoas aflitas, esperando de mim a resolução de seus problemas.

Na vida, minha única preocupação é com minha consciência, esta sim, é implacável comigo.

Portanto, quem me conhece sabe que sigo o que acho até as últimas conseqüências.

Na minha breve carreira de advogado (04 anos), tive algumas experiências que, na verdade foram verdadeiras lições de vida, tanto para mim, quanto para outras pessoas envolvidas.

Ao iniciar minha vida profissional, de forma solitária, tive uma profunda tristeza, que mais tarde se transformaria na maior alegria presenciada por mim no exercício sagrado da advocacia.

Uma pessoa próxima, que me conhecia, me incumbiu de defendê-la em uma ação trabalhista proposta por sua empregada doméstica. Os valores eram modestos, isto, na visão de um advogado. Nada que preocupasse, pelo menos a mim.

Marquei a primeira consulta, nove horas da manhã. Ela seria a primeira de uma época de recursos escassos. Não tinha escritório próprio e me utilizava de salas emprestadas por amigos caridosos.

Andava pra cima e para baixo com um laptop, uma impressora pequena e algumas folhas de papel. Quem via aquela cena, ria e me chamava de escritório ambulante, itinerante, entre outras brincadeiras. Porém, era o que eu tinha naquele momento.

Cheguei cedo, barba feita, terno alinhado, laptop e impressora com 20 minutos de antecedência.

O tempo passa. Nove horas e nada da cliente chegar, nove e meia e eu já me perguntava se eu deveria estar ali, naquela sala, sozinho olhando fixamente para a mesa. Esperei até dez e meia, quando um aperto no peito, me fazia sentir a pura sensação de incapacidade, frustração.

Foi-me avisado que a cliente não viria por problemas pessoais, sendo remarcado outra data, no mesmo horário. Novamente o mesmo ritual: chegar cedo, barba feita, terno alinhado...
Novamente a mesma dor, a cliente não apareceu!

Questionei-me naquele momento, o porquê de tudo na minha vida ser assim, refleti, cheguei a pensar em desistir.

Motivado pelo calor dos sentimentos, liguei eu mesmo para a cliente. Uma voz do outro lado timidamente se justificava, dizendo que não deixaria o processo comigo pela seguinte razão:
"Rafael, você é muito novo, eu posso perder muito dinheiro, prefiro deixar a causa com um advogado mais experiente".

Em nenhum momento fui indelicado ou grosso. Ao contrário aceitei e ainda pedi desculpas por não corresponder às expectativas dela. Mesmo com o peito aberto e o coração marcado.

O tempo passa, virei à página da tristeza e com isso as lições da vida aparecem.

Um ano após isso, a vida me reservou uma surpresa. A filha desta mesma mulher me procurou. A mãe estava acometida por uma grave doença e necessitava urgentemente dos meus serviços.

Até hoje, não sei quem apostou em mim, se a mãe, arrependida, ou a filha, jovem advogada como eu.

A situação que eu me deparava, era a seguinte: Eu precisava conseguir do governo do estado de São Paulo uma medicação de alto custo, para esta pessoa se manter viva.

Recusar? Jamais! Não me tornei advogado para me acovardar perante o peso do trabalho e muito menos sou homem de guardar mágoas a tal ponto.

Encarei o desafio. Fiz exatamente o que deveria ter feito, assumi o compromisso, fiz a ação com um só pensamento em mente: “’Tenho que fazer isto, como se fosse minha mãe que precisasse!”
E fiz...

Quando a ação ficou pronta, novamente a desconfiança alheia bateu à minha porta para me provar.

Ao passar pelas mãos de outros advogados mais experiêntes, fizeram uma série de mudanças em minha petição.

Aquilo me chocou, me enervou! Desta vez, não haveria chances de minha capacidade ser colocada à prova!

Reclamei em tom alto e ameacei que se não fosse da minha forma, não assinaria nenhuma outra petição! Eu sabia dos riscos, sabia da responsabilidade e estava convicto que meu trabalho estava correto e escrito com o coração.

Em nenhum segundo tive medo da derrota. Assinei minha petição, e esta foi para o Fórum.

Às sete horas da noite do mesmo dia, recebi um telefonema emocionado. A liminar havia sido deferida e posteriormente a sentença foi procedente!

Eu havia conseguido os remédios que aquela mulher tanto precisava para se manter viva e com esperanças. Até os dias de hoje ela continua com a medicação e está viva.

Isto tudo, graças a mim? Não! A Deus, que me inspirou em cada palavra escrita!

E qual foi o pagamento pelo meu serviço? Nada, nem um centavo.

Recusei-me a aceitar qualquer quantia em dinheiro, pois o que havia de ser pago, já havia sido pago. A confiança!

Um ano antes, fui recusado como advogado para defender seus interesses financeiros, pela desconfiança.

Um ano depois fui aceito e contratado para lhe dar o que havia de mais precioso em sua vida, a chance de viver!

Com isso, vão-se as mágoas, as frustrações e te faz sentir-se abençoado e convicto de que estou no caminho certo.

Qual o dinheiro do mundo pagaria isto? Qual o valor de uma vida? Não há!

Portanto, amigos leitores, existem muitas coisas valiosas na vida, e ficar marcado no coração alheio é o maior tesouro que posso ter.

Sou rico no dom que Deus me deu. Cumpro minha missão nesta curta passagem que é a vida, na esperança em que chegar o meu dia de partir, que ninguém se recorde de meus bens, mas sim dos meus atos e escolhas, da verdadeira riqueza que construí nos corações!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A redescoberta dos sentimentos.

Certa vez, ouvi que, qualquer pessoa que sinta o que escreve, passaria a escrever as mais belas palavras, transmitiria emoção e derramaria lágrimas. Portanto, gostaria que as pessoas que forem ler esse texto, fizesse isso ouvindo a música do clip abaixo, para melhor compreensão dos sentimentos a que me refiro.




Tudo parecia frio, eu já me entregava, sentindo-me um ser vazio de sentimentos, cujo a química interior alterada por força do destino e da vida já se levantavam como dúvidas de si próprio. Era o retrato de um homem em estado de isolamento, de frieza e incapacidade afetiva. Alguém que por conflitos, não estaria se reconhecendo, até que, o calor da primeira lágrima que desce pelo rosto, faz brotar uma nova forma de pensar, se redescobrir.

Acho que as lágrimas me fazem bem, a emoção me faz bem, meu corpo se transforma e minha cabeça funciona de uma forma impiedosa.

Alguém se fez presente na minha vida para me mostrar que meus sentimentos não morreram. Talvez um seja um anjo enviado por Deus, daqueles que surgem subtamente e te arrebatam e da mesma forma eles se vão.

Os medicamentos podem aprisionar-me, mas quando o coração pulsa mais forte que toda química existente, não há o que segure as lágrimas, não há o que nos faça se redescobrir de uma forma maravilhosa e perceber o quanto de sentimentos bons, carrego no mais profundo da minha intimidade.

O quanto pode ser bom redescobrir o íntimo de sua essência? Como se redescobrir? Se você diariamente é colocado à prova diante de medicamentos, opiniões e pensamentos?

Somente alguém, com uma bondade, um amor e sentimentos idênticos poderiam me provar e me mostrar que eu posso e continuo sendo o mesmo. Dom digno dos anjos.

Devo muito a esse anjo. Essa pessoa, me apresentou as diversas formas de emoções em um período tão curto, de forma tão intensa, que serei eternamente grato e terei um eterno carinho por você!

Obrigado por seu meu anjo da guarda, obrigado por me provar que sentimentos não morrem, obrigado por abrir os pacotes de emoções em mim aprisionados.

Na vida, não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha.

E este anjo, bateu suas asas sobre mim ao som desta música...Jamais esquecerei, é esta, que vocês puderam ouvir durante a leitura de meu desabafo, com esses peixes que me trazem de volta a almejada paz inteior.

Please don´t go...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O segredo do calor, dor e os descompassos.


Às vezes, observo o quão grande é a responsabilidade dos sentimentos que fazemos brotar nos corações alheios.

Inúmeras vezes somos responsáveis por felicidade, amor, carinho e ternura, porém, também causamos grandes estragos e nem sempre sabemos o porquê.

Certa vez, um sábio professor me disse: Somos uma indústria química, uma máquina complexa de fonte de energia.
E o pior é que é verdade. E por que pior? Não seria melhor? A partir daí, o julgamento é do amigo leitor!

Digo isso, pois meu intuito não é explicar nada e sim questionar. Por que somos capazes de causar tanto amor e sofrimento nas pessoas, mesmo quando não queremos isto? Por que sofremos quando não queremos, por que amamos quando não esperamos?
Que máquina complexa é esta, que funciona descontroladamente contra seu próprio gestor?
Qual é o segredo da química que nos altera o humor e nos gerencia em certos momentos em que perdemos totalmente a autonomia de nossas emoções?

Qual é o segredo da energia que nos esquenta, acelera e descompassa nossos corações em períodos de paixão?

Deus é misterioso. Quis ele, que fossemos sua imagem e semelhança, porém não nos é revelado o segredo de nossa constituição emocional. A química do amor, a energia do perdão, a dor profunda da perda e principalmente esse confuso e estranho aperto que apresenta-se sem causa em nosso peito e nos surpreende em momentos de altos níveis de emoção.

Não há dúvidas que somos complexos, mas o mais interessante é saber que, onde há vida, há calor, há descompasso e há emoção! Vivamos...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Sentimentos aprisionados

O que seria de um ser humano criado totalmente na ausência de outras pessoas? Como seria a personalidade e a essência de um indivíduo que nasce, cresce e envelhece numa redoma opaca sem ver seus semelhantes e isolado de sentimentos alheios?

Teria este ser sentimentos próprios? Desenvolveria sensorialmente o amor? A raiva? A angústia e o medo?

A troca de experiências interpessoais nos faz criar os mais diversos sentimentos? Definitivamente não!

Não criamos sentimentos, nós já os temos e eles estão prontos para serem despertados. Somos um projeto em constante construção. Como se fossemos uma grande caixa, cheio de pacotes embrulhados dentro.

Esses pacotes, na minha concepção, são parte de nossa essência. Somos como uma grande caixa de surpresas em que fomos presenteados por Deus com os mais diversos pacotes de emoções.

Ao contrário do que muitos pensam, não criamos pacotes de emoções dentro de nós, mas os temos desde nossa concepção. A vida e as nossas experiências fazem com que eles se desembrulhem e se revelem nos melhores ou piores sentimentos.

Somos complexos por natureza, podemos partilhar dos mesmos fatos e abrir pacotes de emoções diversos. Somos um misto de felicidade e dor, paixão e ódio.

Poderia então um medicamento criar uma redoma opaca? Poderiam medicamentos nos aprisionar em nossos próprios pacotes de emoções? Não sei! Apenas tento aprender com a vida, e a cada dia desembrulhar os pacotes ainda intactos na caixa de minha alma. Porém, certamente o eterno desembrulhar de pacotes é o que faz a vida ser única e inigualável para cada ser humano.

O que me faz não ter dúvida disto é, que, este ser, isolado desde sua concepção numa redoma opaca, certamente, abriria em especial o pacote que o faria padecer de solidão.
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